
BIO
O Coletivo Transverso foi criado em janeiro de 2011 com o propósito de pesquisar, desenvolver e realizar intervenções poéticas no espaço público. Desde então trabalha com arte urbana e poesia, a partir de técnicas como o stêncil, o lambe-lambe, o grafite, a performance, a criação de monumentos, entre outras.
Buscamos a construção de uma identidade estética e discursiva, que alie plasticidade e conteúdo, inspirada por formas poéticas concisas como haikai oriental, os provérbios brasileiros e o poema-objeto concretista.
Os poemas e desenhos deste site são autorais, criados coletivamente por nós para a rua, para serem fruidos gratuitamente por aqueles que andam pela cidade à procura de poesia.
Toda reprodução do nosso trabalho é autorizada e incentivada, inclusive, desde que sem propósitos de venda ou comercialização.

Coletivo Transverso - arte urbana e poesia.
QUEM SOMOS?*
Quando pessoas descobrem e decidem saber mais sobre o Coletivo Transverso, muitas vezes a primeira pergunta é sobre nossas motivações. "O que levou vocês a formar um grupo para realizar intervenções poéticas no espaço público?", ou alguma variação desta.
Uma resposta possível versaria sobre o desejo de propor novos futuros, de pensar novos usos para o espaço público, construir sociabilidades mais generosas, e menos voltadas para a lógica do trabalho e do consumo que domina o cotidiano de nossas cidades.
Nossa primeira aposta, no entanto, era mais simples: criar e levar poesia à rua. Sem tantos porquês. É no decorrer do trajeto que nos damos conta da direção que nossos passos apontam, e muitas vezes a única saída um círculo vicioso é perder-se. A arte urbana se retroalimenta nos encontros, nas mudanças, nos olhares, e isso só se percebe no decorrer do percurso.
Quando o olhar sobre a rua se "des-insensibiliza" diante do poema imprevisto na calçada, cada esquina passa a representar a oportunidade do acaso, a chance de encontrar uma resposta, de descobrir novos sentidos, de formular novas perguntas. Andamos pela rua não mais contando os minutos que escorrem de nossos pulsos, mas procurando a poesia que se esconde nos espaços compartilhados.
Não apenas à caça da poesia que há, passamos a perceber onde poderia haver. Naquele concreto caberia um poema, naquele tapume uma pintura. As paredes cinzas passam a ser vistas não pela função de privar o acesso, mas pelo potencial poético de incluir discursos que escapam da publicidade e da política engravatada.
Essa transformação no olhar e na forma de fruir a cidade pode partir de uma epifania individual, mas ecoa pelas praças e pessoas, nos fazendo perceber que somos muitos, e que mesmo distantes partilhamos a experiência disso que é estar vivo hoje.
Em nosso trabalho, a técnica é pensada em função da poesia, e não o contrário. A proposta do Transverso é desenvolver uma linguagem de arte urbana em que o discurso seja tão relevante quanto a forma, e o que vamos descobrindo nesse trajeto é que linguagem só se desenvolve no diálogo, e que o outro dos outros corre o risco de ser você.
*Texto originalmente publicado em 28/12/2014, sob o título 'O outro dos outros pode ser você', no suplemento "Retrato Brasília" do Correio Braziliense.